Em cúpula, países decidem controlar material nuclear em 4 anos

13/04/2010 17:22

Folha Online

Líderes de 47 países com capacidade nuclear concordaram nesta terça-feira, durante cúpula sobre segurança atômica em Washington, em controlar todo o material nuclear no mundo, acatando a proposta dos Estados Unidos, segundo rascunho da declaração final do acordo.

No documento, a cúpula reconhece o direito ao uso pacífico da energia nuclear, mas reafirma a necessidade de cooperação e assistência mútua.

Durante a reunião sem precedentes voltada para o risco de terrorismo nuclear, os líderes concordaram em reforçar medidas contra o tráfico ilegal de material radiativo, e ratificaram seu apoio às tarefas de vigilância da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

No rascunho do documento, os países também dão apoio específico ao apelo do presidente americano, Barack Obama, para guardar em lugar seguro, dentro de quatro anos, todo o material nuclear suscetível de ser utilizado para a construção de armas atômicas.

A medida diria respeito, em particular, ao plutônio e ao urânio altamente enriquecido.

Os líderes recordam que "todos têm a responsabilidade coletiva" de prevenir que "atores estranhos aos estados obtenham a informação ou a tecnologia necessária para preparar armas ou artefatos nucleares".

Urânio

Todos os países com reatores nucleares que utilizam urânio altamente enriquecido deveriam assegurar-se, primeiro, de que possuem e controlam todos seus estoques e, em segundo lugar, devem tentar converter esses reatores em combustível levemente enriquecido.

O mundo conta com reservas mundiais de urânio enriquecido e de plutônio --possíveis ingredientes de uma bomba A-- de 1.600 toneladas e 500 toneladas respectivamente.

"Há duas décadas do final da Guerra Fria, nos enfrentamos a uma cruel ironia da história: o risco de um confronto nuclear entre países diminuiu, mas o risco de um ataque nuclear aumentou", disse Obama ao receber os dirigentes no segundo dia de trabalho.

A reunião de cúpula de Washington, celebrada sob estritas medidas de segurança, é a maior de líderes organizada pelos Estados Unidos desde 1945.

Próxima cúpula

Obama anunciou nesta terça-feira, durante a primeira sessão plenária da cúpula em Washington (EUA), que a próxima reunião ocorrerá na Coreia do Sul em 2012.

"Estou feliz em anunciar que o presidente Lee [Myung Bak] concordou em realizar a próxima cúpula nuclear na Coreia do Sul em dois anos", disse Obama durante a primeira sessão.

Lee afirmou que "fará todo o possível para que a reunião seja um êxito". "Nos veremos todos na Coreia", disse aos representantes de 47 países que assistem ao evento em Washington.

No entanto, o líder sul-coreano disse que o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong Il, não será convidado caso não deixe de lado suas ambições para obter armas nucleares. Ele voltou a pedir que o país retorne às negociações sobre a suspensão de seu programa nuclear.

"Espero sinceramente que, neste ano e no ano que vem, a Coreia do Norte demonstre seu compromisso para retornar às negociações entre seis partes", disse Lee. Se nós obtivermos resultados substanciais por meio do diálogo pacífico, então é claro que ficaremos satisfeitos se a Coreia do Norte participar de reuniões subsequentes, e esperamos que isso aconteça".

Segundo ele, a segurança nuclear é "crucial" para seu país devido a seu vizinho no norte. "Esse tema tem significado e importância particular para a Coreia, um país que sempre esteve exposto aos perigos da proliferação nuclear", disse Lee durante a reunião nos EUA.